Estadão Summit Mobilidade Urbana 2021 aborda como a mobilidade pode ser fator de integração social nas cidades brasileiras
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O Estadão Summit Mobilidade discutiu as estratégias para reduzir as diferenças nas cidades brasileiras, por meio de políticas públicas de mobilidade urbana. O evento, que acontece de forma online e gratuita, apresentou o caso de ação interdisciplinar em uma comunidade periférica na capital paulista e promoveu um painel sobre desigualdade territorial social no Brasil.
A desigualdade socioespacial, expressada por bolsões de pobreza e de riqueza, tem um impacto negativo na mobilidade urbana. O urbanismo, a mobilidade ativa e o transporte coletivo de massa podem ser instrumentos de integração social. Mas, para isso, ações a longo prazo devem ser pensadas para a cidade junto à comunidade.
A superintendente da fundação, Mariana Almeida, afirma que o CEP do nascimento da pessoa parece já definir boa parte da vida. Ao transformar a realidade territorial, é possível ampliar as oportunidades para a maior parte da população. Isso pode ser feito a partir de um protagonismo comunitário, aliado a instituições públicas, privadas e da academia.
A Fundação Tide Setúbal participa, há 15 anos, da articulação de frentes de ações públicas e privadas em torno de uma estratégia territorial para o Jardim Lapena, na Zona Leste de São Paulo. O local está conectado à cidade apenas pela rede ferroviária da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
A elaboração de um plano de bairro, realizado desde 2017, ajuda os moradores a compreender e acompanhar os problemas locais, bem como a pensar em soluções. O trabalho já alcançou a construção da vala alternativa para drenagem da água pela Sabesp, planejada pela comunidade, e a revitalização de praças, com mutirões voluntários para limpeza.
O momento da pandemia é estratégico para pensar o próximo momento histórico, não só no desenvolvimento da cidade, mas para todas as áreas e os setores, disse a vereadora do Rio de Janeiro, Tainá de Paula.
Para a legisladora, o desenvolvimento da mobilidade urbana está associado aos objetivos definidos para o futuro. Nesse contexto, um pacto verde no transporte público, com a substituição dos motores a combustão por fontes mais limpas, é fundamental para a nova configuração dos deslocamentos urbanos.
Com a pandemia, o uso da bicicleta se tornou mais atrativo por conta de sua maior segurança sanitária. O Instituto Multiplicidade Mobilidade Urbana calcula que existe uma frota de 33 milhões de veículos. Para Glaucia Pereira, fundadora da entidade, eles podem ser instrumentos acessíveis para a mobilidade de primeira e última milhas.
No entanto, é necessário criar uma infraestrutura que permita a integração das bikes com o transporte público de massa. Isso envolve tanto investimentos em bicicletários em estações de trens e metrôs quanto a possibilidade de a bicicleta embarcar nos vagões.
Questões de gênero também entraram em pauta nas discussões. Os padrões de mobilidade são diferentes para homens e mulheres, de acordo com Haydée Svab, cientista de Dados e pesquisadora em Mobilidade Urbana e Cidades Inteligentes. A economia do cuidado, socialmente atribuída a mulheres, torna os deslocamentos delas mais encadeados e com menos recursos.
A restrição de acesso ao transporte dificulta ou impossibilita o acesso a outros direitos, como à saúde e à educação. Além disso, as mulheres enfrentam medo por conta da violência, tanto dentro dos veículos quanto no deslocamento a pé.
A diretora sênior de Comunicação e Responsabilidade Social da 99, Pâmela Vaiano, afirma que 23% das ocorrências de segurança da plataforma são de assédio sexual, direcionados principalmente às mulheres. Pensando nisso, a companhia lançou um Guia da Comunidade, orientando quais são os comportamentos inadmissíveis que podem gerar desligamento de motoristas e passageiros.
O Estadão Summit Mobilidade Urbana vai até sexta-feira e é online e gratuito. Inscreva-se agora!