Como os custos de implantação podem impactar a ascensão dessa proposta
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Os custos iniciais com a implantação de ônibus 100% elétricos, com baterias, híbridos ou trólebus são mais altos que com os ônibus convencionais a diesel em todo o mundo, ainda que os gastos operacionais dos veículos elétricos sejam inferiores aos tradicionais.
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A falta de informação e o alto investimento dificultam tomadas de decisão nos vários estágios de implementação de ônibus elétricos: da avaliação do custo-benefício até a transição de um projeto piloto para uma operação de maior escala.
Segundo estudo publicado pela Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP), entre as principais barreiras que impedem a popularização do veículo elétrico no transporte coletivo do Brasil estão o alto investimento inicial, a aversão ao risco dos operadores em relação a uma nova tecnologia, a dificuldade de revenda dos veículos para cidades menores e a falta de flexibilidade e de experiência operacional.
Para suprir a escassez de informação, o instituto de pesquisas WRI Brasil criou uma ferramenta para que gestores de cidades brasileiras possam compreender os gastos e os benefícios da implantação do sistema de ônibus elétricos no transporte público coletivo. O serviço de avaliação de custos e emissões para ônibus de transporte público, conhecido como CEA Tool, serve para que empresas de transporte coletivo e agências públicas possam tomar decisões fundamentadas para determinar a viabilidade de transição para uma frota de veículos elétricos.
O método, desenvolvido em planilha do Microsoft Excel, está sendo utilizado em São Paulo e outras cidades e permite analisar o custo durante a vida útil do veículo, além das emissões de diferentes tipos de veículos para ajudar a conduzir a transição para o transporte limpo. Os tipos de ônibus podem diferir em tipo de combustível, tecnologia utilizada para atingir diferentes padrões de emissões e tamanho do veículo.
Para compor a base de dados da ferramenta de cálculo de custos de ônibus elétricos, a WRI Brasil trabalhou diretamente com a São Paulo Transporte (SPTrans) e a Agência de Transporte de São Paulo (Artesp) para obter informações operacionais da frota, utilizou dados da cidade de Santiago, no Chile, e de uma extensa revisão de literatura sobre alternativas elétricas, híbridas e outras.
O CEA Tool pode criar cenários para ajudar a encontrar opções de renovação da frota de transporte coletivo rodoviário. A ferramenta mostrou que, para alcançar 100% de redução de emissões de poluentes (CO2, PM e NOX), seria necessária uma frota 98% elétrica e 2% de trólebus em São Paulo. Essa composição também reduziria em 12% os gastos totais em comparação com a renovação da frota usando tecnologias típicas de diesel.
Um estudo realizado pela Universidade de Columbia, em 2017, estima que os ônibus elétricos em Nova York começaram a ter vantagens econômicas sobre os de diesel após 12 anos de uso, considerando apenas gastos com combustível, energia elétrica e manutenção dos veículos. Caso fosse considerada a economia de gastos na saúde pública, os ônibus elétricos em Nova York poderiam se pagar em dois anos.
Shenzhen, na China, anunciou no fim de 2017 a primeira frota de ônibus 100% movida a eletricidade. Com mais de 16 mil veículos, a cidade chinesa tem mais ofertas do que Nova York, Los Angeles, Nova Jersey, Chicago (EUA) e Toronto (Canadá) juntas.
De acordo com estudo realizado em 2016 pelo Banco Mundial e pelo Global Environment Facility, o custo do veículo elétrico na cidade chinesa equivale ao do movido a diesel em 8 anos. Considerando a aquisição, a energia e a manutenção, o veículo elétrico custa US$ 375 mil, enquanto são gastos US$ 342 mil com o modelo a diesel.
No Chile, essa diferença pode ser diminuída em menos tempo; Santiago é a cidade fora da China com a maior frota elétrica de ônibus. O governo chileno espera que o custo de investimento em ônibus elétrico seja igual ao de convencionais em 2022. Atualmente, um veículo elétrico de 12 metros custa em torno de US$ 290 mil, enquanto um veículo a diesel custa US$ 190 mil.
Fonte: Universidade de Columbia, WRI Brasil.
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