A promoção de espaços públicos mais convidativos é um recurso importante para incentivar a população a andar a pé
Publicidade
Conheça o maior evento de mobilidade urbana do Brasil.
A busca por soluções para obter um melhor aproveitamento dos espaços abertos tem sido constante nas cidades, e um de seus principais efeitos é gerar visibilidade e uma maior valorização por parte do público. Mas é nas localidades mais populosas que o desafio se mostra mais abrangente em meio aos problemas urbanos.
A necessidade de promover mudanças, o desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, fazer que as pessoas caminhem mais podem exigir o investimento em adaptações e obras que não são plenamente aceitas até que os benefícios se tornem mais substanciais.
Para obter sucesso, é importante que o planejamento conte com uma visão prospectiva atenta ao próprio cenário, utilizando a identificação das rotas dos pedestres como um ponto de partida. Indo por esse sentido, algumas cidades apresentam modelos inovadores que se tornaram referência no desenvolvimento urbano e que estimulam o andar a pé. Confira, a seguir, quatro delas.
A capital da Coreia do Sul apostou na revitalização do córrego Cheonggyecheon para valorizar uma região onde a degradação do espaço se encontrava em um estágio mais avançado por causa do tráfego intenso de veículos e de problemas com alagamento presentes em determinados períodos do ano.
O aproveitamento das informações obtidas a partir de consultas públicas foi essencial para o sucesso do projeto, que não veio sem sacrifícios para a população em um primeiro momento. Logo, foi necessário fechar uma das principais vias de Seul para realizar as obras no entorno entre 2003 e 2005, além de reorganizar as rotas de ônibus até a conclusão da obra.
Como resultado, Cheonggyecheon foi beneficiada com a criação de um corredor verde de 8 quilômetros de comprimento e um parque. A melhora na acessibilidade faz que 90 mil pedestres circulem na região diariamente, transformando a área em um espaço público moderno e convidativo para que habitantes e turistas possam andar a pé.
A capital dinamarquesa passou por um experimento na década de 1960, que buscava avaliar o potencial das ruas de se tornarem exclusivas para pedestres. No período, a crescente expansão da frota de veículos foi um possível empecilho, mas, após sua implementação, os benefícios foram vários.
O centro de Copenhague ficou mais conectado com a ampliação da circulação de pessoas, resultando no aumento da receita para o comércio local, incentivando o investimento da ampliação de novos espaços públicos mais atraentes, revitalizando outros ambientes da cidade e transformando o projeto em referência mundial.
A ideia se espalhou para outros países, mostrando o potencial de se adaptar a outros contextos de convívio, como na França, onde se popularizou a proibição da circulação de veículos nas imediações das escolas com a adoção de mais de cem ruas nesse modelo, promovendo o andar a pé e reduzindo a poluição sonora nos bairros.
Leia também:
Utilizar a natureza como protagonista também pode ser um ponto de partida para a recuperação urbana. Na China, a cidade mais populosa do país enfrentava os malefícios do acelerado processo de industrialização e tornava urgente a adoção de uma agenda mais sustentável.
Nos anos 1990, Chongqing sofreu um elevado nível de chuva ácida, e o planejamento buscou uma forma de reverter esse quadro e de preparar a cidade para receber mais habitantes, já que também se trata de um importante berço de imigrantes na Ásia.
Utilizando o conceito Transit-oriented development (TOD), focado na priorização da estrutura do transporte local e de espaços abertos, o governo entregou novas rotas caminháveis com calçadas mais largas nas regiões centrais, estimulando o fluxo de pedestres, a preferência pelo transporte público e reduzindo o uso de veículos motorizados.
A instalação de parklets mudou a configuração das ruas de São Francisco, incorporando as áreas das vagas de carros às calçadas. Com a utilização de material removível, é possível transformá-las em um ambiente de convívio e lazer, deixando o ambiente mais convidativo para quem opta por andar a pé.
As possibilidades de utilização são as mais variadas, podendo ser adotadas como um fator de diferenciação do comércio e se configurando como um ponto de referência regional. A iniciativa mostrou impacto e se espalhou para outras cidades nos Estados Unidos, chegando também ao Brasil, nos municípios de São Paulo e Curitiba.
Além de aumentar a sensação de segurança e incentivar o comércio, os parklets promovem o uso de bicicletas. Como lição, todas essas iniciativas mostram que, mesmo em cidades populosas e essencialmente urbanas, é vantajoso contribuir com investimentos nesse sentido, pois fazer a população andar a pé gera impactos positivos, com melhoria da qualidade de vida, redução do uso de veículos e maior estímulo para a economia local.
Fonte: World Bank, Global Designing Cities, NACTO, Prefeitura de Paris