Como uma nova estratégia transformou a mobilidade em Lisboa

11 de junho de 2020 5 mins. de leitura

Em uma década, a capital portuguesa passou por transformações em direção a uma mobilidade sustentável

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Em 2008, enquanto Portugal passava por uma forte crise econômica, Lisboa, sua capital, sofria pela falta de coordenação na política de mobilidade. Mesmo com grandes investimentos no sistema público, o transporte individual ganhava espaço, e a cidade era considerada a mais congestionada da Península Ibérica, segundo o Índice de Tráfego Global do aplicativo TomTom.

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Para sair da crise, medidas rígidas foram impostas a Portugal pela União Europeia, pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Central Europeu. Ao mesmo tempo, a capital portuguesa colocou em prática uma política de transportes que provocou profundas transformações na cidade e ajudou no aumento do turismo, bem como na recuperação econômica do país.

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Em uma década, Lisboa passou a ser referência de mobilidade em toda a Europa. Em 2018, a cidade ganhou o prêmio Green Capital da Comissão Europeia e foi considerada inspiração e modelo para cidades em toda a União Europeia, demonstrando claramente que sustentabilidade e crescimento econômico andam de “mãos dadas”.

Em busca da mobilidade sustentável

Único cartão dá acesso a transporte público, pagamento de estacionamento e aluguel de bicicletas. (Fonte: Debora Weber Ficagna / Shutterstock)

A estratégia de mobilidade em Lisboa passou a ter como um dos principais objetivos a redução significativa das emissões de poluentes, para atender as metas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto. A capital portuguesa procurou estancar a perda crescente de passageiros do transporte coletivo e reduzir os engarrafamentos, em especial nos acessos da cidade à região metropolitana.

A cidade construiu corredores urbanos de procura elevada e diversificou a oferta de transporte público em uma rede intermodal de mobilidade com integração tarifária. Tanto a rede rodoviária quanto a ferroviária na região metropolitana da capital portuguesa receberam investimentos para melhorar as conexões regionais.

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Os lisboetas também investiram pesado em veículos movidos a eletricidade, com o serviço de compartilhamento de veículos elétricos. Além disso, a cidade planeja adquirir 25 bondes e 420 ônibus elétricos, com um investimento de 252 milhões de euros, até 2023. A ação faz parte de uma estratégia que pretende retirar 150 mil carros das ruas até 2030.

Revolução a partir da micromobilidade

Entretanto, a transformação no transporte da capital portuguesa mais visível para moradores e visitantes é na micromobilidade. Obras de requalificação do eixo central da cidade deixaram-no com área mais verde, aumentando o espaço e a segurança de pedestres, reduzindo o tráfego de veículos.

Ao mesmo tempo, a cidade viabilizou o deslocamento feito com bicicletas, requalificando e expandindo a rede cicloviária na região metropolitana. O ciclismo foi mais incentivado em trajetos menores de 5 quilômetros, com pouco declive e em locais com grande concentração populacional.

A capital portuguesa também facilitou o acesso para bicicletas por meio da integração tarifária de ferramentas já disponíveis. A utilização do cartão Viva Lisboa – usado no transporte coletivo e pagamento em estacionamentos de veículos – foi ampliada para permitir o uso dele no aluguel de bikes compartilhadas.

Patinetes elétricos

A maior parte dos patinetes elétricos em Lisboa é oferecida por uma empresa pública. (Fonte: Marc Bruxelle / Shutterstock)

O impulso para o transporte tornar-se mais ecológico contou também com patinetes elétricos. Atualmente, 12 mil desses veículos circulam na cidade, com serviços compartilhados oferecidos por nove empresas diferentes. No entanto, a empresa municipal Gira opera a maior parte.

A implantação do serviço na capital portuguesa foi inspirada na experiência de Los Angeles com a Mobility Data Specification (MDS). O serviço fornece um modelo para compartilhamento de dados entre empresas de aluguel de bicicletas e patinetes sem pontos fixos.

Pacto empresarial

No final de 2019, o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), a Câmara Municipal de Lisboa e 56 empresas assinaram o Pacto de Mobilidade Corporativa (CMP). O documento estabelece mais de 200 ações projetadas para tornar o transporte lisboeta mais acessível, ecológico e eficiente.

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O pacto visa aprimorar a oferta e a demanda de soluções multimodais, primeiro criando condições para que os funcionários das empresas adotem comportamentos e soluções novos, para depois estender as medidas a fornecedores e clientes.

Fonte: Razão Automóvel, Cities Today, Prefeitura de Lisboa, Plano de Ação de Mobilidade Urbana Sustentável da Área Metropolitana de Lisboa.

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