Redução no setor industrial e queda no número de veículos têm melhorado a qualidade do ar
Publicidade
O novo coronavírus vem causando impactos significativos nos níveis de poluição em todo o mundo. Imagens fornecidas pela NASA e pela Agência Espacial Europeia (ESA) indicam que a redução nas atividades industriais de alguns setores fez com que as taxas de gases poluentes apresentassem diminuição na atmosfera.
Conheça o mais importante evento de mobilidade do Brasil
Além da paralisação de diversas atividades econômicas, o isolamento social — principal prática de prevenção à covid-19 — fez com que os polos urbanos registrassem queda nos fluxos de veículos pelas vias e, sobretudo, nos níveis de dióxido de nitrogênio (NO2) na atmosfera.
Como estruturas urbanas podem se tornar hospitais de campanha?
De acordo com os registros da Organização Mundial da Saúde (OMS), o NO2 é produzido pelo motor dos carros e por usinas de energia. Na comunidade médica, acredita-se que o dióxido de nitrogênio seja responsável por agravar quadros de doenças respiratórias como a asma.
Tudo começou após a OMS classificar oficialmente a situação da covid-19 como pandemia. Depois de o vírus atingir massivamente a cidade de Wuhan, na China, e se disseminar para outras partes do mundo, a entidade disponibilizou uma série de recomendações para conter o avanço da doença.
Coronavírus: Itaú e Tembici criam campanha “Não vá de bike”
Wuhan, inclusive, é uma das cidades que mais registraram redução nos níveis de poluição após adotar medidas severas de confinamento no fim de janeiro de 2020. Lar para 11 milhões de pessoas e sede de centenas de indústrias fornecedoras de peças para o mercado automotivo, o local apresentou taxas até 30% menores de emissão de NO2 em comparação com 2019.
Na Europa, a Itália foi um dos primeiros países com queda nos índices de poluição da atmosfera. A região da Lombardia, no norte do país, que se tornou epicentro do surto de covid-19, também é conhecida pelo acúmulo de agentes poluentes que ficam presos nos Alpes, vindos da fumaça produzida pelas indústrias.
Segundo o serviço de monitoramento da atmosfera Copernicus, do Centro Europeu de Previsão Meteorológica de Médio Prazo, os níveis de emissão de dióxido de nitrogênio chegaram a cair 40%.
Os dois maiores centros urbanos do Brasil também tiveram queda nos níveis de produção de NO2 após as primeiras semanas de isolamento social. A Região Metropolitana de São Paulo, um dos principais polos industriais do País, teve diminuição de 33% nas emissões de dióxido de nitrogênio, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
Google mostra impacto do novo coronavírus na mobilidade urbana
O documento também registrou que nas áreas da Marginal Tietê e do viaduto para Santana do Parnaíba, onde ainda prevalece tráfego intenso de caminhões e veículos de transporte de cargas, os índices seguem elevados.
No Rio de Janeiro, algumas regiões obtiveram marcas expressivas na qualidade do ar após adotarem o isolamento social desde as primeiras semanas de março. O Distrito Industrial de Santa Cruz, no oeste do estado, teve queda de 77% na concentração de NO2 na atmosfera, conforme apontou o Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Apesar de não ser considerado oficialmente um gás de efeito estufa, o dióxido de nitrogênio é proveniente das mesmas atividades que mais liberam o dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, um dos principais agentes do aquecimento global nos últimos anos.
Em meio à pandemia do novo coronavírus, os altos índices de poluição e a queda na qualidade do ar podem representar mais um risco: aumento da letalidade da doença. A Aliança Europeia de Saúde Pública já trabalha com a possibilidade de a poluição do ar contribuir para que um paciente infectado tenha menores chances de sobreviver.
Coronavírus: como motoristas de delivery devem se proteger?
A covid-19 ataca principalmente os pulmões e as vias respiratórias, por isso tem nos fumantes um dos seus grupos de risco. Em cidades onde as taxas de poluição são elevadas, é comum que os cidadãos tenham parte da capacidade pulmonar comprometida e, consequentemente, tornem-se alvos maiores para o vírus.
Fonte: Estadão, The Guardian
Curtiu o assunto? Clique aqui e saiba mais sobre como a mobilidade pode melhorar os espaços.