Cidades inteligentes utilizam recursos tecnológicos para melhorar a vida dos cidadãos e perdem o sentido se não houver a devida inclusão digital
Publicidade
A tecnologia aplicada nas cidades inteligentes pode ajudar os municípios a melhorar a prestação de serviços urbanos, a mobilidade dos cidadãos e outras medidas relativas à qualidade de vida. No entanto, nenhuma transformação tecnológica será completa caso não seja realizado um processo efetivo de inclusão digital.
A estratégia de cidade inteligente é frequentemente abordada sem levar em conta que nem todos têm acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). A noção de melhorar a vida dos cidadãos parece vazia quando grande parte das pessoas pode não conseguir usar os serviços digitais oferecidos.
Não existe uma “solução mágica” para a complexa gama de desafios envolvidos em tornar a cidade inteligente mais inclusiva digitalmente. A saída precisa ser global e integrar governos, iniciativa privada, ONGs, pesquisadores e toda a sociedade civil.
Barcelona é considerada um dos exemplos de smartcity, por conta do uso de tecnologias inovadoras. No entanto, nem todos os cidadãos da cidade têm o mesmo acesso às ferramentas tecnológicas.
De acordo com uma pesquisa, durante a pandemia, mais de um quarto das crianças menores de 16 anos não conseguiram acessar aulas online. Entre os diversos fatores, estão a pobreza, a conectividade fraca, os dispositivos insuficientes e a falta de habilidade de membros da família para ajudá-los a se conectar ou guiá-los durante o processo de aprendizagem.
Para começar a mudar essa realidade, um projeto-piloto chamado Connectem Barcelona (“Vamos Conectar Barcelona”, em catalão), que conta com o apoio de 30 entidades e empresas, funcionará por um ano a partir de setembro de 2021 na comunidade de Trinitat Nova, uma das áreas mais pobres da cidade.
A iniciativa, considerada pela administração local como “a primeira política urbana a abordar a exclusão digital de forma multidimensional”, será focada em um único bairro para testar como a inclusão digital de um grupo pequeno pode repercutir na comunidade. O programa fornecerá banda larga gratuita e equipamentos para 400 residências.
Com dispositivos adequados e suficientes em casa, além de uma boa conexão, os moradores receberão treinamento sobre procedimentos comuns, como configuração de uma conta de e-mail. Após o domínio das tarefas básicas, os participantes receberão um treinamento em computação mais complexo. Os resultados do projeto piloto serão avaliados para definir e quantificar políticas para a eliminação da exclusão digital na cidade.
Fonte: Bloomberg, FGV, Ajuntament de Barcelona.