O que dizem os dados sobre o impacto do coronavírus nas cidades?

18 de setembro de 2020 5 mins. de leitura

Compreender o atual cenário das cidades é importante para planejar o espaço urbano pós-pandemia

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O que se sabe até agora sobre o impacto do coronavírus nas ruas de todo o planeta? Mapeamentos como os realizados por TomTom, Mapbox e Apple’s Mobility Index têm a resposta: desigualdade socioespacial, intensa queda em serviços de carona e no transporte público e crescente adesão às bicicletas marcam esse momento mediante uma nova dinâmica que vai definir a mobilidade do futuro.

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Em um mundo interligado pela tecnologia, dados das mais diversas fontes são instrumentos relevantes para a compreensão do atual cenário e a elaboração de projeções precisas do que está por vir. Confira algumas conclusões que já podem ser tiradas de análises globais de Big Data.

Queda no compartilhamento de viagens

O medo de aglomerações continua presente mesmo em regiões que começam a sair da quarentena. Isso tem levado o transporte coletivo a um raro colapso na história das cidades, e o setor ainda não tem uma previsão de retomada saudável.

Os serviços de aplicativo de carona também sofreram queda brusca, embora não tão grande quanto a do transporte público. Em abril, as viagens da Uber chegaram a cair até 80% em comparação com o ano anterior em algumas regiões, segundo o jornal The Information. O uso de scooters elétricos também diminuiu, conforme apontam dados de cartões de crédito levantados pelo The New York Times nos Estados Unidos. Os gastos com esse serviço caíram quase 100%.

A vez da bicicleta

Pessoas andando de bicicleta com máscara de proteção
Especialistas falam de um boom da bicicleta durante a pandemia da covid-19. (Fonte: Marco Iacobucci Epp / Shutterstock)

Ciclovias temporárias que podem se tornar permanentes, benefícios de governos e prefeituras para estimular o pedal e incentivo ao conceito de ruas abertas. É fácil entender por que a bicicleta tem sido o meio de transporte do momento, tanto que muitos especialistas em mobilidade urbana falam de um possível bike boom.

De acordo com o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), o uso dos três maiores sistemas de compartilhamento de bicicletas teve aumento de 150% em maio em Pequim (China). Outro exemplo vem de Nova York (EUA), onde o número de viagens cresceu cerca de 67% em março.

A compra de bicicletas também aumentou. Estudos do NPD Group, empresa que realiza pesquisas de mercado, estimam que as vendas de bikes pessoais nos Estados Unidos quase dobraram em março de 2020 em comparação com o ano anterior.

Cidades limpas, novos horizontes

Cidade com ruas vazias e prédios ao redor
Cidades viram na quarentena uma oportunidade para repensar sua estrutura de mobilidade. (Fonte: Photo Spirit / Shutterstock)

Pela primeira vez em décadas, o Himalaia passou a ser visto de partes da Índia. Los Angeles (EUA) teve sua mais longa extensão de ar puro desde os anos 1980. Na região de Wuhan (China), a queda nas emissões de transporte pode ter evitado mais de 12 mil mortes, quase 2,5 vezes a mortalidade atribuída à covid-19 no país no início de maio, segundo dados divulgados na revista científica The Lancet.

Filtragem de ar combate coronavírus em transporte público

Em meio a esse cenário, governos e autoridades da área de planejamento urbano passaram a enxergar as ruas vazias como uma oportunidade de repensá-las de modo mais sustentável. Ao menos 100 cidades definiram estratégias para incentivar a mobilidade ativa de forma temporária ou permanente.

Bogotá (Colômbia), por exemplo, quer criar 76 quilômetros de ciclovias e limitar a capacidade de seu sistema de ônibus a cerca de um terço do que era antes. Na mesma linha, Paris (França) e Londres (Inglaterra) cortarão o acesso de veículos a boa parte de seus núcleos históricos.

Pandemia tem efeitos desiguais nas cidades

Outra realidade apontada por dados é que a pandemia de covid-19 tem efeitos desiguais na vida das pessoas. E a raça está entre as variáveis dessa disparidade. Nos Estados Unidos, onde mais de 170 mil pessoas morreram em decorrência do coronavírus, negros têm 3,5 vezes mais chances de serem mortos pelo vírus do que brancos, e o risco de morte de latinos é quase o dobro.

Como estruturas urbanas podem se tornar hospitais de campanha?

Isso ocorre porque esses grupos estão super-representados entre os trabalhadores essenciais do mundo todo. Observando a questão sob o viés da mobilidade urbana, nota-se que os deslocamentos para o trabalho são pontos cruciais no cenário da contaminação.

Nos EUA, dados do instituto TransitCenter mostram que uma grande parcela de pessoas com empregos em áreas essenciais não tem carro. Cerca de 28% desses cidadãos usam o transporte público, um dos maiores focos de contaminação do coronavírus. O mesmo levantamento identificou, ainda, que os negros representam 29% de todos os trabalhadores essenciais em trânsito.

Fonte: CityLab/Bloomberg

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