Pandemia de coronavírus ressaltou problemas e se tornou uma oportunidade para capital peruana corrigir distorções históricas
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A crise sanitária, social e econômica provocada pela pandemia de coronavírus fez com que a cidade de Lima, no Peru, adotasse uma série de medidas para garantir os serviços essenciais da cidade e superar as adversidades impostas pela covid-19. A capital peruana apostou na retomada verde e tem-se colocado no centro do debate mundial sobre o tema.
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Lima está alinhada a 10 mil cidades no mundo que compõem o Pacto Global de Prefeitos. O grupo defende uma parceria com governos nacionais e instituições internacionais para resolver as crises econômica e climática por meio de compromissos climáticos locais, modelos de financiamento inovadores e foco em infraestrutura sustentável.
A capital do Peru, assim como Bogotá e várias cidades europeias, tem buscado incentivar a mobilidade ativa em vez do uso de automóveis, para evitar a superlotação nos transportes públicos e promover o distanciamento seguro. Por isso, também colhe os benefícios de menor poluição e mais atividade física na retomada das atividades econômicas.
A pandemia ressaltou as deficiências e as desigualdades estruturais de décadas. No Peru, 70% das pessoas têm empregos informais, o que dificulta, por exemplo, a distribuição adequada dos subsídios concedidos pelo governo nacional para superar a crise econômica.
No campo da mobilidade urbana, descobriu-se que veículos de transporte são responsáveis por provocar emissões de gases que podem comprometer o combate ao coronavírus em todo o país. A capital do Peru tem 10 milhões de habitantes e concentra cerca de um terço da população. Na cidade, 68% das emissões de poluentes atmosféricos vêm do transporte.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quatro a cada cinco pessoas que vivem em áreas urbanas estão expostas à poluição do ar, o que pode complicar as infecções causadas por covid-19.
A pandemia deve impor uma retração de 5,2% na economia global em 2020, segundo o Banco Mundial. Grande parte dessa perda acontecerá nas cidades, que são responsáveis por 80% do PIB global. Os economistas concordam que uma recuperação sustentável de baixo carbono aumentará a resiliência e produzirá os melhores resultados econômicos possíveis a longo prazo.
“Ao abordar a crise climática de forma inclusiva, cidades de todos os tamanhos podem ser motores essenciais para impulsionar a recuperação econômica nacional”, afirmou o prefeito de Lima, Jorge Muñoz Wells. “Os governos nacionais precisam gerar novos horizontes de investimento e buscar a recuperação verde nas cidades”, ele defendeu.
Nesse contexto, Lima resolveu apostar no crescimento econômico com desenvolvimento sustentável. A cidade decidiu financiar projetos inteligentes de infraestrutura urbana para o clima, visando não apenas o combate às mudanças climáticas, mas também o aumento da resiliência, da habitabilidade e da promoção à saúde nas cidades.
Uma das primeiras medidas em Lima durante a quarentena na capital foi expandir em 46 quilômetros a infraestrutura cicloviária. Em agosto, circularam mais de 102 mil ciclistas pela malha de quase 300 quilômetros de ciclovias. A capital peruana também promoveu uma série de ações de incentivo ao ciclismo e intensificou a fiscalização contra a invasão de automóveis nos espaços para bicicletas.
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Também foi realizado o alargamento da faixa de pedestres de um para quatro metros em diversas vias, inclusive na zona histórica central, para promover o distanciamento social. As medidas são temporárias, mas já existe um projeto para recuperação urbana de Lima por meio da ampliação dos espaços para pedestres de forma permanente.
Além disso, a cidade passou a promover mobilidade elétrica e garantiu a segurança sanitária de seus cidadãos por meio da coleta, limpeza e desinfecção de resíduos sólidos. Até 2022, a capital peruana planeja plantar 2 milhões de árvores, aumentando as áreas verdes para promoção do meio ambiente e da saúde população.
Fonte: Banco Mundial, ONU, Gerência de Mobilidade Urbana de Lima.
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