O mercado automotivo mundial está vivendo o boom dos elétricos, que são a grande aposta para o futuro, mas essa história começou bem antes
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A presença dos carros elétricos no Brasil ainda é relativamente tímida: foram 7,5 mil unidades vendidas em um mercado de quase 2 milhões de veículos no mundo. Mas o crescimento de 221% nessa modalidade no Brasil mostra que não estamos tão fora do boom dos veículos eletrificados.
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Podemos encontrar as origens do movimento atual em 2010, com o lançamento do Nissan Leaf, o primeiro carro elétrico de grande escala mundial, que já vendeu mais de 500 mil unidades em pouco mais de 10 anos.
O lançamento do Tesla Model S, em 2012, mostrou que os elétricos podiam ser esportivos e luxuosos, chamando uma atenção ainda maior para esse segmento. A montadora americana é a mais bem-sucedida do setor, especialmente após o lançamento do “popular” Model 3.
Desde então, quase todas as grandes empresas do setor passaram a investir pesado nos elétricos, que já correspondem a mais da metade das vendas em países como a Noruega.
Fabricantes como Jaguar, Volvo e Mini já anunciaram que só venderão carros elétricos a partir de 2030. Apesar desse estouro nos últimos anos, a história dos veículos movidos a eletricidade começa muito antes do Leaf ou da Tesla. Na verdade, começou junto da trajetória do próprio automóvel.
É difícil definir quem é o inventor ou “pai” dos elétricos, assim como é complicado afirmar quem criou o próprio automóvel. Durante o século 19, várias experiências com carros movidos a bateria foram realizadas na Europa e nos Estados Unidos.
A primeira a ter mais sucesso ocorreu em 1890. O químico William Morrison criou uma carroça com motor elétrico para seis pessoas nos Estados Unidos (EUA). Na mesma época, o alemão Ferdinand Porsche — fundador da marca de carros esportivos que leva seu nome até hoje — criou o modelo elétrico P1.
Além disso, ele construiu o Semper Vivus, que combinava o motor a bateria com outro movido a combustível, sendo considerado o primeiro automóvel híbrido do mundo.
Na virada do século 19 para o 20, havia muitos táxis movidos a bateria nos EUA, e os carros elétricos eram considerados mais práticos do que os seus concorrentes a combustão, que precisavam de uma manivela para começar a funcionar. Foi justamente a criação do motor de arranque, em 1912, que fez o carro a gasolina dominar as ruas de todo o mundo.
Outro fato importante foi o lançamento do Ford T, o primeiro “carro popular” da história: custando metade do preço de qualquer elétrico, havia pouco espaço para concorrência. Soma-se a isso a descoberta de grandes campos de petróleo, que tornaram a gasolina nos EUA muito mais barata, e os automóveis elétricos acabaram se tornando um nicho minúsculo ainda antes dos anos 1930.
A preocupação com a poluição nas grandes cidades europeias e americanas, nos anos 1950 e 1960, foi a primeira semente para que os elétricos voltassem a ser uma opção. A crise do petróleo, em 1973, deu uma força extra para esse pensamento. Porém, durante décadas, o carro elétrico não passou da fase de conceito.
A história começou a andar, de fato, quando o estado americano da Califórnia criou o acordo ambiental de “veículos emissão zero”, com grandes incentivos para montadoras fabricarem e venderem carros elétricos por lá.
Modelos como a Ford Ranger elétrica e o Honda EV Plus venderam algumas centenas de unidades, e o negócio parecia que ia deslanchar de verdade quando a gigante General Motors anunciou o EV1, em 1996.
Pouco tempo depois, a fábrica interrompeu as vendas e recolheu todos os EV1. A verdade é que o veículo 100% elétrico ainda era caro, pesado e ineficiente. Por isso, o primeiro passo real rumo à eletrificação foi a popularização dos híbridos, com o sucesso do Toyota Prius a partir da virada do século 20 para 21.
Outro passo importante foi o surgimento das baterias de íons de lítio, as mesmas usadas nos eletrônicos, que são mais leves e eficientes. Toda essa caminhada foi necessária para que a Tesla fizesse tanto barulho no final dos anos 2000 e a Nissan tivesse êxito com o Leaf, puxando o boom desses últimos anos. Assim, a história se fecha.
Fonte: Ford Motor Company, Estadão Summit Mobilidade.
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