Como o êxodo rural transformou as cidades brasileiras?

13 de junho de 2022 4 mins. de leitura

Êxodo rural impulsionou o processo de urbanização e industrialização do Brasil

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O êxodo rural está ligado diretamente à transformação do Brasil em um país urbano e industrializado. Até a metade do século passado, a maior parte da população brasileira vivia no campo. Durante as décadas de 1970 e 1980, porém, as cidades receberam um contingente enorme de pessoas vindo do campo.

Esse mesmo processo de migração aconteceu em outros países em diferentes épocas com resultados variados. No Brasil e em outras regiões com menor desenvolvimento econômico, o êxodo rural acabou criando um verdadeiro caos urbano de difícil resolução, com o surgimento de grandes áreas informais de habitação precária e sem acesso aos serviços públicos básicos.

O que é êxodo rural?

Mais de 40 milhões de brasileiros migraram do campo para a cidade entre 1970 e 2000. (Fonte: Shutterstock)
Mais de 40 milhões de brasileiros migraram do campo para a cidade entre 1970 e 2000. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

O êxodo rural é o movimento de pessoas do campo para área urbana em busca de emprego e melhores oportunidades de vida. Esse processo migratório reduz a força de trabalho para as atividades agrícolas, enquanto provoca uma superlotação nos centros urbanos, contribuindo para o surgimento de problemas sociais.

O despovoamento rural é um círculo vicioso. Os que saem do meio rural são, em sua maioria, as gerações mais jovens que se estabelecem nas cidades e, geralmente, não voltam. Isso tem um impacto negativo no crescimento natural e reduz o dinamismo econômico, precarizando a qualidade de vida no campo.

Principais fatores que provocaram a saída do campo

A concentração fundiária no Brasil está na raiz dos fatores que impulsionaram o êxodo rural. As grandes extensões de terras possuídas por um número pequeno de pessoas são usadas geralmente para a monocultura destinada à exportação. Por isso, uma mudança em seus métodos produtivos tem um impacto grande na população rural.

Com a mecanização das atividades agrícolas na década de 1970, a força de trabalho braçal foi substituída e um nível maior de qualificação foi exigido dos trabalhadores, causando o desemprego em massa no campo. Por outro lado, a industrialização, que se intensificou no século 20, proporcionou oportunidades de trabalho no ambiente urbano.

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Transformações nas cidades

Êxodo rural contribuiu para a formação das favelas brasileiras, onde vivem mais de 17 milhões de pessoas. (Fonte: Shutterstock)
Êxodo rural contribuiu para a formação das favelas brasileiras, onde vivem mais de 17 milhões de pessoas. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A migração desenfreada do campo para as cidades aumenta a taxa de desemprego e o mercado de trabalho informal, o que reduz os padrões de vida. O êxodo rural leva à concentração de serviços e equipamentos públicos, como educação, saúde e tecnologia nos centros urbanos, dificultando o desenvolvimento do campo.

Com o aumento populacional acelerado, os espaços urbanos passam por um processo de especulação imobiliária e um crescimento desordenado. Dessa forma, os migrantes com menores condições econômicas são empurrados para áreas cada vez mais distantes do centro da cidade, muitas vezes, provocando problemas de mobilidade urbana.

Volta para o campo

A chegada de novas tecnologias, como a internet, em áreas rurais tem gerado um ambiente de oportunidades de negócios que possibilitam um movimento de repovoamento do campo. Diferente do êxodo rural anterior, esse fluxo migratório é caracterizado por uma mão de obra altamente qualificada que busca um estilo de vida mais sustentável.

Essa transição está sendo realizada tanto por profissionais ligados ao agronegócio quanto por trabalhadores que aderiram ao home office por conta da pandemia. No entanto, a migração das cidades para o campo acontece em uma escala muito inferior e em um ritmo mais lento do que ocorreu no êxodo rural.

Quer saber mais? Confira aqui a opinião e a explicação de nossos parceiros especialistas em Mobilidade.

Fonte: Brasil Escola, WRI Brasil, UFSM, Dossiê Migração/SciELO.

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