No aniversário de Curitiba, conheça 4 atributos marcantes da cidade

29 de março de 2023 6 mins. de leitura

A capital paranaense, conhecida pelo urbanismo e pela modernidade, completa 330 anos em 29 de março

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Curitiba, capital do Estado do Paraná, completa 330 anos hoje, 29 de março — dia que, aliás, dá nome a uma das mais belas praças da cidade, no bairro Mercês. Curiosamente, a data é útil na cidade: o feriado é comemorado apenas no dia da padroeira, em 8 de setembro.

Embora tenha sido elevada à condição de vila em 29 de março de 1693, o povoado de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais teve início algumas décadas antes. Estudos indicam que colonizadores chegaram às margens dos rios Atuba e Bacacheri, atual zona norte de Curitiba, em busca de ouro e outras riquezas. Hoje, a prefeitura mantém o Centro Cultural da Vilinha na redondeza desse primeiro povoado.

A vila, com marco zero na Praça Tiradentes, ganhou importância ao longo do século 18 até ser elevada à categoria de cidade, em 1842, e escolhida como capital da Província do Paraná, então recém-desmembrada de São Paulo, em 1853. Foi no século 19 que imigrantes das mais variadas origens começaram a chegar a Curitiba — outro atributo marcante da cidade.

Entretanto, foi a partir da segunda metade do século 20 que Curitiba realmente conquistou as características que a tornaram conhecida no Brasil e no mundo.

Praça Tiradentes, o marco zero de Curitiba, nos anos 1950
Praça Tiradentes, o marco zero de Curitiba, nos anos 1950. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

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1. Uma das 10 maiores cidades do Brasil

Curitiba é uma das maiores cidades do país (Fonte: Daniel Castellano/Prefeitura de Curitiba)
Curitiba é uma das maiores cidades do País. (Fonte: Daniel Castellano/Prefeitura de Curitiba/Reprodução)

Com 1,9 milhão de habitantes, Curitiba é a maior cidade da Região Sul e a oitava mais populosa do País. A área, de 435 quilômetros quadrados, é resultado do desmembramento de vários municípios que hoje compõem a Região Metropolitana — sendo Pinhais, já nos anos 1990, o mais recente. Ao todo, a Grande Curitiba tem 3,7 milhões de habitantes, quase um terço de todo o Paraná.

Esse crescimento, embora tenha começado no século 19, deu-se exponencialmente na segunda metade do século 20. Curitiba criou a Cidade Industrial em 1973, na parte oeste do território, atraindo dezenas de fábricas multinacionais. Impulsionada pela industrialização e pelo êxodo rural (agravado pela crise do café no norte do Paraná), a população da cidade ultrapassou 1 milhão de habitantes em 1980.

A indústria, aliada ao forte setor de serviços e ao funcionalismo público, gera Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 88,3 bilhões, de acordo com dados de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo o quinto maior do País.

2. Referência mundial em transportes

O transporte público de Curitiba chama a atenção com suas estações-tubo (Fonte: Pedro Ribas/Prefeitura de Curitiba)
O transporte público de Curitiba chama a atenção pelas estações-tubo. (Fonte: Pedro Ribas/Prefeitura de Curitiba/Reprodução)

Uma das principais características de Curitiba, o transporte público teve origem na época de crescimento acelerado, nos anos 1970. Ao assumir a prefeitura, o urbanista Jaime Lerner começou a colocar em prática o projeto da Rede Integrada de Transporte (RIT).

Utilizando apenas ônibus, a cidade tem malha de transporte público com linhas expressas que se deslocam por vias exclusivas, as canaletas; mas o projeto de Lerner não é revolucionário apenas por isso. O sistema é baseado em grandes eixos de transporte, no qual as faixas exclusivas para ônibus passam por ruas de comércio e grandes prédios residenciais, rodeadas por avenidas rápidas de mão única, uma em cada sentido.

Assim, todo o fluxo de pessoas corre por estes eixos: Norte-Sul, Leste-Oeste e Boqueirão. Nos anos 1980, a RIT criou os terminais de integração, onde passageiros podem trocar de ônibus sem pagar outra passagem. A partir disso, a rede foi enriquecida com ônibus interbairros, ligeirinhos (que cobrem grandes distâncias com poucas paradas) e alimentadores nos bairros.

Foi em 1991 que a RIT ganhou as inconfundíveis estações-tubo, com embarque em nível, além do pagamento antecipado da passagem, o que agiliza o serviço. Ainda assim, Curitiba é uma das maiores cidades brasileiras sem metrô: a prefeitura continua apostando nos ônibus.

3. Curitiba, a capital ecológica

O Parque Barigui é uma das principais áreas verdes de Curitiba (Fonte: Daniel Castellano/Prefeitura de Curitiba)
Parque Barigui é uma das principais áreas verdes de Curitiba. (Fonte: Daniel Castellano/Prefeitura de Curitiba/Reprodução)

Nas últimas décadas, Curitiba também se destacou pela atenção à sustentabilidade, o que lhe rendeu o apelido de “Capital Ecológica”. O maior destaque, nesse sentido, são as diversas áreas verdes, com 44 parques e bosques, segundo a prefeitura.

Desses, destaca-se o Parque Barigui, criado em 1972 a partir de desapropriações de terrenos particulares. O Bosque do Papa, na região central, foi criado em 1980 para receber a visita do pontífice João Paulo II. Também há o famoso Jardim Botânico, inaugurado em 1991, com a estufa que guarda plantas de espécies raras.

Ao todo, Curitiba tem 60 metros quadrados de áreas verdes por habitante, uma das maiores taxas do País, acima do mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 12 metros quadrados. Até hoje, a prefeitura segue plantando árvores por toda a cidade.

É importante observar, ainda, que Curitiba é referência no incentivo à reciclagem: a campanha Família Folha, que marcou época nos anos 1990, retornou em 2022.

4. Sem belezas naturais, com belezas construídas

O Museu Oscar Niemeyer é um dos principais pontos turísticos de Curitiba (Fonte: Agência Estadual de Notícias do Paraná)
Museu Oscar Niemeyer é um dos principais pontos turísticos de Curitiba. (Fonte: Agência Estadual de Notícias do Paraná/Reprodução)

A própria prefeitura, no site oficial, descreve Curitiba como uma cidade que não tem grandes marcos naturais, mas que “acabou criando suas principais referências pela ciência e pela mão humana”. De fato, as principais áreas verdes e os demais atrativos foram construídos em diferentes administrações.

Além dos parques, há centenas de praças e jardins. Vale destacar as várias praças que fazem homenagem à imigração em Curitiba: Praça do Japão, Praça da Espanha, Praça da Ucrânia e Praça das Nações.

A arquitetura também é um grande atributo da cidade. Desde o Largo da Ordem e do Centro Histórico até o modernismo do Centro Cívico — fruto do plano urbanístico de Alfred Agache, nos anos 1950, que dividia a cidade em setores. Posteriormente, já comandada por Jaime Lerner, Curitiba criou o primeiro calçadão do País, na Rua XV de Novembro, em 1975.

Para terminar, um último fato curioso: o centro geográfico de Curitiba é muito distante do marco zero. Por conta da industrialização na década de 1970, a cidade foi crescendo rumo à região sul, que hoje abriga diversos bairros. Com isso, o centro geográfico de Curitiba fica no bairro Capão Raso, na zona sul, a 9 quilômetros da região denominada Centro.

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