Transporte em cápsula ultrarrápido pode ligar Porto Alegre a Caxias do Sul, passando por regiões turísticas do Sul do País
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O caminho entre Porto Alegre e Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, demora entre duas horas e duas horas e meia de carro. Mas, com o Hyperloop, novo modal de transporte ultrarrápido em cápsulas, os 130 quilômetros (km) entre essas duas cidades poderiam ser transpostos em cerca de 20 minutos — com direito a paradas em Novo Hamburgo e Gramado. Mas essa tecnologia é mesmo viável no Brasil?
De acordo com um estudo divulgado pela empresa Hyperloop Transportation Technologies (HyperloopTT), é sim. O trabalho foi realizado em parceria com pesquisadores da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a partir de um convênio com o governo do estado. Ao que parece, as conversas estão bastante adiantadas para que a região gaúcha seja a primeira a receber o Hyperloop na América Latina.
A ideia dos pesquisadores é construir os tubos do Hyperloop acima do solo, mas respeitando a topografia da região para evitar obras complexas, como túneis ou viadutos. Dessa maneira, é possível diminuir os custos de implantação e também as emissões de carbono do projeto, que seria ainda mais sustentável.
Nesse aspecto, um dos grandes atrativos do Hyperloop na Região Sul do Brasil seria sua geração de energia: haveria painéis fotovoltaicos em 80% do percurso entre Porto Alegre e Caxias do Sul. Assim, o sistema seria totalmente alimentado pela energia solar e ainda sobraria três vezes a energia necessária para seu funcionamento — o excedente poderia ser vendido. Os cientistas da UFRGS planejaram um consumo anual de 73 GWh, com produção de 339 GWh.
Haveria apenas quatro paradas no trajeto: as estações finais em Porto Alegre e Caxias do Sul, além de Novo Hamburgo e Gramado. Com cápsulas se locomovendo a até 835 quilômetros por hora (km/h) dentro dos tubos, o trajeto de 135 km entre as quatro paradas seria coberto em 19 minutos e 45 segundos. Desse modo, seria possível conhecer a capital e a Serra Gaúcha em apenas um dia — e toda a região se tornaria muito mais integrada.
O modelo funciona com uma nova tecnologia de cápsulas magnéticas: a pressão é reduzida dentro da cápsula, e o ar é reintroduzido atrás dela, impulsionando seu movimento pelo tubo. O sistema magnético serve para fazer a cápsula flutuar e alcançar altíssimas velocidades.
Desde que o conceito do Hyperloop foi proposto em 2013, algumas empresas começaram a trabalhar para “tirar a ideia do papel” e, nesse sentido, a HyperloopTT parece ser a mais adiantada: já há protótipos funcionais em testes na França, e a primeira operação comercial está em construção nos Emirados Árabes Unidos. O projeto no Rio Grande do Sul pode ser o primeiro na América Latina, embora também existam conversas com o governo de São Paulo.
Os pesquisadores da UFRGS estimaram os custos de construção, operação e impostos para os primeiros 30 anos do Hyperloop gaúcho em US$ 7,71 bilhões (em torno de US$ 40 bilhões, no câmbio atual).
Com esse valor, seria possível viabilizar a construção sem qualquer subsídio do governo e ter algum lucro dentro de cinco anos. O retorno total do investimento aconteceria a partir de 14 anos de funcionamento.
A receita para alcançar esse retorno e lucratividade viria, primeiramente, das tarifas pagas pelos passageiros das cápsulas (52%), embora não tenha sido divulgada qualquer estimativa dessa tarifa.
Outra fonte de receita importante seriam os empreendimentos realizados, já que todas as áreas no entorno seriam valorizadas (35%). Por fim, o aluguel de lojas nas estações (2%), a publicidade (2%) e o transporte de cargas (1%) também contribuiriam para a viabilidade do Hyperloop na Região Sul do Brasil. Ao todo, o lucro seria 31% maior do que os investimentos.
Ainda assim, há alguns desafios técnicos (como a criação de um tubo com vácuo perfeito por distâncias tão grandes) e financeiros (afinal, é um investimento de alto risco, em um modelo de transporte totalmente novo) que precisam ser superados antes de conseguirmos viajar para a Serra Gaúcha em menos de 20 minutos.
Fonte: Mobilize, Gizmodo.