Capital paranaense tem o transporte público mais influente dos últimos 50 anos no Brasil; saiba o que mudou nesse período
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O sistema Bus Rapid Transit (BRT) começou a ser implantado em Curitiba na década de 1970 e foi inspirado pelos corredores exclusivos para ônibus já adotados em outras regiões do mundo.
Na época da implementação do novo sistema de transporte público na capital paranaense, quem gerenciava o município era o arquiteto e ex-prefeito Jaime Lerner, que deu início à mudança visionária em parceria com a equipe do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC).
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O que difere a engrenagem do sistema BRT de outros é a integração entre acessibilidade, agilidade e redução de custos que resulta em melhorias significativas no tráfego e na emissão de poluentes.
No caso de Curitiba, onde não existe metrô, por exemplo, a população com pouco mais de 1,9 milhão de habitantes se locomove de forma eficiente graças à Rede de Transporte Integrado (RIT).
O sistema BRT que integra a RIT é composto de iniciativas relativamente simples; dentre elas, estão o pagamento antecipado das passagens em estações tubo, fato que agiliza o embarque e a presença de vias exclusivas para circulação dos coletivos de passageiros, que não interferem no trânsito de outros modais de transporte.
Por esses e outros motivos, o projeto serviu de referência para 200 municípios mundo afora e foi listado como um dos 50 mais influentes dos últimos 50 anos pela organização global Project Management Institute (PMI). Além disso, o Sistema Integrado de Transportes de Curitiba aparece na posição 33 do ranking de iniciativas que impactaram o mundo com soluções práticas e de fácil reprodução.
Tudo começou com a conversão das ruas em eixos de transporte por meio do sistema BRT com vias (canaletas) exclusivas para ônibus, sendo os acessos paralelos a eles destinados ao tráfego de veículos rápidos.
Surgiram os primeiros terminais de integração que facilitaram o deslocamento pela cidade já que os passageiros pagam apenas uma passagem “combinando” as rotas. A integração deu origem a outras modalidades no sistema que prioriza o ônibus como transporte.
Dentre as linhas criadas estão as de Interbairros (que ligam bairros sem passar pelo centro ou são diretas) e os ligeirinhos — que fazem trajetos longos, mas com poucas paradas, tornando as viagens mais ágeis.
Surgiram as estações-tubo, onde as passagens são pagas antecipadamente, e o acesso ao embarque é agilizado.
Ocorreu a implantação do uso de combustível B100, de origem 100% vegetal, em parte da frota do transporte público. Curitiba foi a primeira capital da América Latina a fazer isso.
Mesmo com o sistema se tornando referência internacional para especialistas em planejamento e mobilidade urbana, ele precisa de readequações — já que a capital paranaense tinha uma população bem menor nos anos 1990.
Hoje, verifica-se um aumento do uso do carro individual, conforme informações do IPPUC. Segundo a entidade, quase 50% dos deslocamentos cotidianos em Curitiba são feitos por carro ou moto, contra 23% que preferem caminhar e 2% usar bicicleta. O transporte público é responsável por apenas 25% das locomoções.
O IPPUC tem revisado projetos do plano de mobilidade urbana, que prevê inúmeras adequações no sistema de transporte público. Dentre elas, estão o aumento da capacidade e da velocidade de linhas importantes do BRT, como também a implantação do Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (PlanClima).
O PlanClima deve ser integrado ao trânsito de Curitiba até 2025 e pretende aumentar a frota de ônibus elétricos (cerca de 30 veículos da frota atual são elétricos e movidos a biodiesel), além de implantar novas estações visando sempre evidenciar a acessibilidade e a agilidade no transporte.
Apesar da necessidade de readequação do plano de mobilidade urbana de Curitiba, o modelo BRT ainda é referência para o mundo e considerado sinônimo de sucesso onde foi implantado.
Fonte: ArchDaily, Diário do transporte, Mobilize Brasil, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).