Entenda os benefícios da implementação de um sistema barato e que pode qualificar o transporte público nas grandes cidades
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Na maioria das cidades do Brasil, o transporte público é sinônimo de ônibus. Poucas das grandes cidades têm um sistema amplo de metrô ou de VLT. Desta forma, o transporte coletivo fica suscetível a trafegar com veículos particulares. Isto aumenta a propensão a congestionamentos e, consequentemente, a poluição.
Neste contexto, algumas cidades apostam nas faixas exclusivas para ônibus como forma de mitigar os problemas, mas será que elas são o suficiente para melhorar a mobilidade urbana?
Como o próprio nome sugere, as faixas exclusivas de ônibus são faixas da malha viária dedicadas unicamente ao transporte público. Entretanto, em algumas cidades, seu compartilhamento com táxis é permitido.
Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), existem pelo menos 236 corredores de ônibus (que incluem faixas exclusivas e sistema de Bus Rapid Transport) localizados em 156 cidades de 38 países.
No Brasil, poucas cidades utilizam este sistema. Desde 2018, apenas Niterói, Curitiba e São Paulo implementaram novas faixas exclusivas de ônibus. Os corredores para ônibus podem ser parte de sistemas de BRT, como é o caso das canaletas, pistas exclusivas de ônibus em Curitiba, ou faixa da malha viária normal. Além disso, algumas cidades empregam a exclusividade da faixa para ônibus em determinados horários.
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Entre outras vantagens, ao retirar dos ônibus a necessidade de compartilhar o trânsito comum, as viagens se tornam mais rápidas. Uma pesquisa liderada por Ricardo Massulo Alberti, geógrafo e doutor em análise ambiental, mostra que linhas de ônibus da cidade em que o corredor exclusivo foi adotado tiveram um ganho de tempo médio de 58%.
Menor tempo de deslocamento em áreas urbanas significa: menos gasto de combustível, menor emissões de gases causadores do efeito estufa e diminuição da poluição sonora.
Com faixas exclusivas para ônibus, as empresas de transporte também ganham em economia e podem investir na qualificação e no aumento de veículos, com alternativas modernas, menos poluentes e mais confortáveis. Além disso, a possibilidade de utilizar os corredores por várias linhas permite a otimização logística da frota, reduzindo gastos e diminuindo o tempo de trabalho dos motoristas e cobradores.
Com mais qualidade e horários definidos, a população pode migrar do transporte individual para o coletivo. Isso gera uma série de melhorias na mobilidade urbana das grandes cidades, aumentando assim o uso do transporte público e da mobilidade ativa.
Em um país que ainda depende dos ônibus como uma das únicas formas de transporte coletivo, faixas exclusivas de ônibus podem impactar significativamente a mobilidade das cidades. Segundo a NTU, a implementação deste sistema é barato, com preços que variam entre R$ 100 mil e R$ 500 mil reais por quilômetro. Valor menor do que o gasto para a implementação de VLTs, BRTs ou metrôs, por exemplo.
Segundo reportagem do Estadão Expresso Bairros, a cidade de São Paulo está inaugurando novas faixas exclusivas para ônibus, que devem beneficiar 91 mil passageiros. São nove faixas novas, que somam mais de 2,3 quilômetros de extensão nos bairros de Lapa, Penha, Santo Amaro e Vila Sabrina. Ao todo, 94 linhas diferentes trafegam por alguns trechos das novas faixas.
Segundo a SPTrans, a capital paulista vai continuar apostando no modelo como forma de melhorar o trânsito na cidade. O plano é que, até 2028, sejam 565 km entre corredores de ônibus e faixas exclusivas. Outra cidade que pretende adotar medidas neste sentido é Joinville (SC). A cidade catarinense deve implementar 60 km de corredores de ônibus até o final de 2022.
Fonte: Expresso Estadão, ITS Trans Data, UNIFESP, UFMT, TCB Iguaçu