Local será chamado de Praça Liberdade África-Japão, oficializado em lei, visibilizando os povos africanos que também habitaram a região no passado.
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Um dos principais pontos turísticos da capital paulista, o bairro da Liberdade, guarda em si a Praça Liberdade-Japão que, a partir de 2023, passa a se chamar “Liberdade África-Japão”.
A mudança foi aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo em maio do mesmo ano e sancionada pelo prefeito Ricardo Nunes, do MDB, por meio de lei, publicada no Diário Oficial em 1 de junho de 2023. Tal medida foi orientada por uma questão de reparação histórica.
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Criado em 2020, o projeto de lei de autoria dos vereadores Paulo Reis, do Partido dos Trabalhadores, e Luana Alves, do PSOL, tem a intenção de visibilizar outros povos, populações essas que, historicamente, estavam presentes na região, sobretudo os africanos.
A praça, que está localizada entre as ruas Galvão Bueno e dos Estudantes e a Avenida Liberdade, era chamada no passado de Largo da Forca. Até meados do século 19, o local era palco de mortes de pessoas negras escravizadas, então acusadas de crimes.
Esta, porém, não é a primeira vez que o local muda de nome. Em 2018, a praça passou a se chamar Liberdade-Japão, em homenagem aos migrantes e seus descendentes que habitam a região.
Contudo, apesar da troca, não houve oficialmente uma alteração, uma vez que as placas de identificação permaneceram sem ajuste. Agora, com a promulgação da lei, a praça será rebatizada.
O bairro da Liberdade está na lista dos pontos turísticos mais visitados por quem mora ou se desloca até a capital paulista. A região é conhecida pelo forte comércio de produtos asiáticos, principalmente de origem japonesa, coreana e chinesa.
Nele, encontra-se de tudo: desde o comércio de bugigangas curiosas e diversas, até culinária e opções de lazer e de entretenimento típicas. Estima-se que cerca de 70 mil habitantes moram no local, parte descendente de imigrantes japoneses que desembarcaram no Brasil no início do século XX.
Para os amantes de história, o bairro da Liberdade também abriga um outro monumento: a capela dedicada à Nossa Senhora dos Aflitos, no lugar conhecido como Rua do Beco. Em 1774, era lá que estava situado o Cemitério dos Aflitos, necrópole pública considerada a primeira do tipo na cidade.
O cemitério esteve em funcionamento até 1858, ano em que foi inaugurado o Cemitério da Consolação. Com o tempo e o intenso povoamento urbano nos arredores, o pequeno santuário foi o que restou desse contexto histórico.
Porém, ainda hoje, a capela atrai devotos de Francisco José das Chagas, mais conhecido como Chaguinhas, um soldado negro que foi morto em 1821, após ter organizado um motim. Desde então, ficou conhecido por ajudar pessoas a alcançarem milagres.
Conta-se que, ao ser pendurado na forca no então Largo da Forca, atual praça, a corda teria sido rompida por duas vezes, salvando sua vida. O fato causou estranheza e foi considerado um ato divino.
Os envolvidos no episódio chegaram a solicitar clemência em favor do homem, porém, na terceira vez, ele foi enforcado, acarretando em sua morte.
Chaguinhas nunca foi canonizado, não sendo considerado um santo oficial. Apesar disso, possui uma legião de fiéis que recorrem a seu favor.
Fonte: Agência Brasil, Estadão Imóveis, SP Cultura, Estadão, PUC SP