4 saídas para melhorar a mobilidade urbana nas favelas

19 de março de 2022 4 mins. de leitura

A mobilidade nas favelas brasileiras é um problema que pode ser enfrentado com mais atenção pública e envolvimento da comunidade. Veja 4 soluções

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A falta de estrutura urbana costuma afetar os mais pobres, e isso inclui as questões de mobilidade. Quem reside nas regiões mais distantes do centro da cidade e está sob maior vulnerabilidade socioeconômica encontra mais dificuldade em transitar com qualidade e segurança. Mas como reverter esse quadro?

Confira aqui quatro ideias que podem melhorar a mobilidade urbana e o acesso à cidade nas favelas brasileiras.

1. Melhorar a infraestrutura para a caminhabilidade

Os idosos estão entre as pessoas com mais limitações para caminhar. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Os idosos estão entre as pessoas com mais limitações para caminhar. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Quando o assunto é mobilidade, é comum vir à mente os veículos-padrão: carro, ônibus, trem e metrô. Mas a principal forma de circulação sobre o solo urbano é a pé. Por isso, a caminhabilidade deve ser a prioridade número um para melhorar o acesso à cidade.

No caso das vias localizadas na região periférica, é necessário fazer uma leitura sensível. Segundo a legislação brasileira, cabe ao proprietário cuidar da calçada em frente à própria casa, mas isso nem sempre é possível em regiões mais pobres, razão por que os espaços para caminhar podem ser um problema. Crianças, idosos, pessoas com deficiência e mulheres (ainda responsabilizadas por cuidados domésticos) são os mais prejudicados. 

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2. Fortalecer a rede de transporte coletivo

Em razão do preço alto e da má qualidade do transporte coletivo, optar pelo transporte individual é a saída mais confortável. Mas quem mora na periferia das cidades brasileiras está entre a parcela que mais usa transporte coletivo, e isso deve ser visto como um ponto positivo, já que são menos veículos na rua.

Por isso, melhorar a rede de transporte coletivo deve estar no centro do debate sobre o direito de se deslocar de quem vive na periferia dos centros urbanos.

Mais ônibus circulando são apenas o começo: é preciso interseccionar o debate da mobilidade com outros eixos sociais. O aplicativo Nina, que mapeia casos de assédio em ônibus do Recife, é um exemplo de como estimular o uso de transporte coletivo e garantir o bem-estar de quem o usa.

3. Apostar na ciclomobilidade

As comunidades pobres precisam ter políticas de circulação de espaço e de proteção social. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
As comunidades pobres precisam ter políticas de circulação de espaço e de proteção social. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Para transitar dentro e fora do espaço das favelas, a bicicleta pode ser uma alternativa interessante. Ela é barata, saudável e sustentável de se locomover, além de poder servir como lazer.

Uma boa alternativa passa por fortalecer projetos de ciclomobilidade que já existem nos territórios. Um exemplo bacana é o Preta Vem de Bike, que estimula o uso de bicicleta por mulheres negras, que estão entre as mais vulneráveis quando o assunto é transitar pela cidade — esse é outro caso de interseccionalidade aplicada ao transporte.

4. Melhorar a segurança por meio dos equipamentos públicos

Segurança é um problema geral, e não apenas das favelas, mas a ausência de proteção social nessas áreas pode torná-las mais suscetíveis ao tráfico e às milícias. Por isso, fortalecer os equipamentos de segurança é fundamental, mas não o suficiente.

Isso deve ser considerado, sobretudo porque é frequente que as abordagens policiais criminalizem a população dos territórios pobres. Assim, a questão de segurança deve considerar diversos outros elementos de proteção do Estado.

Uma saída importante é apostar na ocupação do espaço urbano pela população, incluindo as pessoas nas soluções. Aprimorar a iluminação pública e fortalecer os equipamentos de esporte e lazer coletivos são exemplos de como a segurança pode ser beneficiada com ações do Estado e da sociedade civil, como associações de bairro.

Fonte: Prefeitura de São Paulo, ArchDaily.

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