Gasolina sintética é aliada no combate ao aquecimento global

30 de outubro de 2023 5 mins. de leitura

Montadoras como a Porsche e até a Fórmula 1 anunciaram o uso extensivo da gasolina sintética para descarbonizar seus processos

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Também conhecida como e-Fuel, a gasolina sintética é uma alternativa sustentável para fazer funcionar os motores à combustão, já que seus índices de dióxido de carbono (CO2) são considerados neutros.

Embora os carros elétricos também sejam potencialmente promissores, o custo elevado sobre sua produção e a posterior reciclagem de itens como as baterias neles usadas ainda consistem em desafios a serem superados pela indústria.

Assim, ao promover iniciativas como a gasolina sintética ou mesmo os biocombustíveis, fortalece-se uma rede de aliados no combate ao aquecimento global.

A seguir, entenda o que é a gasolina sintética e quais são os possíveis impactos quanto ao seu uso.

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Gasolina sintética: o que é?

A gasolina sintética é criada a partir de um processo químico, em que o hidrogênio e o gás carbônico são misturados, gerando consequentemente uma reação. Dela, é produzido o metanol, que, por sua vez, transforma-se em combustível.

Ocorre que o CO2 emitido no uso da gasolina sintética é incorporado durante sua produção. Dessa forma, não emite-se a mais, mas sim aproveita-se o gás carbônico que já estava na atmosfera. Por isso, é tido como um combustível com emissão nula desse agente.

Entre as recentes divulgações sobre o uso extensivo da gasolina sintética está a da Fórmula 1. Assim como muitas organizações e países estão aderindo a pactos globais para descarbonizar em sua cadeia de produção, o mesmo será feito no campeonato. A expectativa é de que a partir de 2026 já passem a ser usados nos carros dos competidores combustíveis criados em laboratório.

Além disso, algumas montadoras já anunciaram o uso do e-Fuel. São os casos da BMW e da Porsche. A segunda informou, em 2022, uma parceria com a empresa Highly Innovative Fuels (HIF), no Chile, para produzir 130 mil litros anuais de gasolina sintética em um projeto piloto.

Para tornar a pegada de carbono ainda mais próxima da neutralidade, a organização utiliza energia eólica para produzir o combustível sintético. Foram investidos 75 milhões de dólares na operação. Após a fase experimental, a expectativa da Porsche é expandir a fabricação para 55 milhões de litros. 

A escolha pelo Chile se deu por ser considerado um ambiente propício na manufatura de energia usando o vento como base, bem como por estar mais próximo de portos, pelos quais será possível distribui-lo a todo o mundo. Porém, a montadora já informou que tem projetos futuros de construir outras fábricas de e-Fuel nos Estados Unidos e na Austrália.

Na ocasião, a Porsche divulgou uma estimativa de que existem em circulação um total de 1,3 bilhão de automóveis movidos a motores de combustão que funcionam com a queima de combustíveis fósseis. Dessa forma, apostar em uma medida mais sustentável para movê-los pode ser a “tábua de salvação” da atmosfera.

A gasolina sintética pode ser uma forte aliada no combate ao aquecimento global. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Gasolina sintética pode ser uma forte aliada no combate ao aquecimento global. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Possíveis impactos no uso da gasolina sintética

A grande vantagem da gasolina sintética é que ela pode ser usada por automóveis cujo motor também é movido por gasolina comum, derivada do petróleo. Dessa forma, diferente de carros elétricos, basta aplicar o combustível sintético nos veículos já existentes.

Outra questão interessante para o Brasil é que o País entra na rota de interessados em produzir e consumir a gasolina sintética por ser considerado autossustentável no fornecimento de hidrogênio verde. Esse agente, apontado como o combustível do futuro, é derivado do etanol produzido à base de cana-de-açúcar ou mesmo de energia solar.

O Governo brasileiro já identificou, inclusive, que o País tem um potencial de movimentar cerca de 20 bilhões de reais no desenvolvimento do também chamado de hidrogênio sustentável. Para tanto, um Programa Nacional do Hidrogênio (PNH) está sendo estruturado prevendo políticas públicas para o setor.

Porém, igualmente, há desvantagens no processo. Durante a produção da gasolina sintética, surgem gases derivados de nitrogênio que, assim como o CO2, são potencialmente nocivos.

Outro ponto é que seu processo de fabricação ainda é considerado caro, dado o caráter de novidade e por carecer de evoluções para baratear a operação. Enquanto isso não ocorrer, tal como os carros elétricos, a gasolina sintética também poderá ser um recurso usado por uma pequena parcela da população.

Fonte: Formula 1, Porsche, Fapesp, Câmara dos Deputados

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