Favelas nem sempre têm moradias em condições precárias e pessoas abaixo da linha da pobreza
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Favela é uma área degradada de uma cidade, caracterizada por moradias precárias, miséria e falta de segurança de posse, de acordo com a definição do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat).
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No entanto, essa descrição não se aplica mais a uma parte das comunidades do Brasil, onde as casas são construídas com tijolo e cimento para durar por anos. Muitas residências contam com água encanada, luz, coleta de lixo e acesso à internet. Por conta da lei de usucapião, os moradores podem conseguir até a regularização do imóvel.
Quem já visitou uma favela pode atestar que são em sua maioria lugares vibrantes, cheios de vida e atividade. Os moradores das favelas do Brasil são responsáveis por movimentar R$ 120 bilhões por ano, volume de renda maior que 20 das 27 unidades da federação, segundo pesquisa dos institutos Data Favela e Locomotiva.
O escritor e jornalista Euclides da Cunha foi enviado pelo jornal O Estado de S. Paulo para cobrir a Guerra de Canudos. No clássico Os Sertões, descreveu um monte onde os soldados acamparam e fizeram moradias temporárias de barracos. A vegetação da colina era de uma planta espinhosa conhecida como favela, bem comum no Nordeste.
Quando alguns dos combatentes retornaram ao Rio de Janeiro, pediram permissão do governo para construir moradias no Morro da Providência. As condições de vida improvisadas novamente eram uma lembrança dos montes da “favela” de Canudos.
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Além dos soldados, os escravizados libertos após a abolição em 1889 também se instalaram nas encostas arborizadas dos morros do Rio de Janeiro. Sem renda para pagar o aluguel de imóveis no mercado formal, eles resolveram construir as próprias moradias.
Sem recursos, os moradores acabaram ocupando lotes em terrenos inadequados como planícies alagáveis e encostas íngremes, principalmente nas periferias da cidade formal, em regiões desprovidas da infraestrutura e dos serviços necessários para caracterizar uma cidade.
O “boom” das favelas, porém, aconteceu entre a década de 1940 e os anos de 1980. No período, a população brasileira foi de 40 milhões para 120 milhões de pessoas, enquanto o percentual da população urbana saltou de 31% para 67%, então as ocupações irregulares se multiplicaram.
Um bilhão de pessoas vivem em favelas, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, esse número chega a 27 milhões de pessoas em 734 cidades, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Orangi Town é considerada a maior favela do mundo. O conglomerado de mais de 100 assentamentos informais fica próximo da cidade de Karachi, no Paquistão, e abriga uma população estimada em 2,4 milhões de pessoas.
A maior favela brasileira é a Rocinha (Rio de Janeiro), com cerca de 180 mil pessoas em menos de 1 quilômetro quadrado de terra. Isso obriga os moradores a construir casas que resultam em estruturas de até 11 andares.
Fonte: Conhecimento Científico, Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat), Agência Brasil, AsSuperListas.