Entenda por que a busca por um carro sustentável vai muito além de mudar motores
Publicidade
Conheça o maior evento de mobilidade urbana do Brasil
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), os veículos são responsáveis por pelo menos 25% das emissões de poluentes do mundo. Nas grandes cidades, o índice se aproxima de 75%.
A informação acima basta para entendermos que não há futuro para o planeta enquanto houver a dependência do petróleo, que é um recurso finito. Mas será que apenas a mudança da matriz energética pode mudar esse contexto? Afinal, o carro pode ser sustentável?
O último século ficou conhecido como o século do automóvel. A popularização dos carros transformou a configuração das cidades pelo todo o mundo. Eles viraram um sonho de consumo e, em algumas cidades, a única maneira de fugir de um transporte público lotado e sucateado. Em questão de décadas, o espaço das ruas deixou de ser destinado aos pedestres para dar lugar aos veículos.
Com essa dependência dos carros, será que apenas substituí-los por modelos menos poluentes é o bastante para salvar o mundo da poluição?
Leia também:
Ao longo dos anos, diversas leis para diminuir a poluição emitida por veículos foram sendo adotadas. A pressão dos governos e de órgãos de fiscalização ambiental fez que as fabricantes de carros investissem em tecnologias e novos combustíveis.
Nessa tendência, surgiram o etanol e outros biocombustíveis, que são derivados de biomassa, que é renovável, e, portanto, muito mais sustentável do que usar um recurso como o petróleo. Isso não quer dizer que o etanol não gere impactos ambientais.
Para produzi-lo em larga escala, é preciso recorrer à monocultura, que é a produção agrícola de apenas um produto em grandes áreas, o que causa uma série de impactos ambientais. Apesar dos problemas, veículos que usam etanol e biocombustíveis são considerados carros sustentáveis por já serem melhores que os combustíveis fósseis.
O Gás Natural Veicular (GNV) também foi uma opção desenvolvida que é menos poluente do que os combustíveis de petróleo. Ele emite praticamente metade de monóxido de carbono e gás carbônico do que a gasolina, como também reduz praticamente a zero a emissão de material particulado (um dos principais riscos à saúde de quem convive com poluição). Apesar das vantagens do GNV, ele é um combustível fóssil e, portanto, finito.
Por fim, a opção mais segura quando a discussão é sustentabilidade: os carros elétricos. O veículo movido a um motor elétrico é um carro sustentável sob diversos pontos de vista, não gera poluição do ar nem sonora, é abastecido com energia elétrica, que pode vir de matrizes limpas, e diminui o custo de manutenção.
Vários países têm apostado no incentivo do consumo de veículos elétricos para despoluir o ar. Na Europa, discutem-se leis para abolir a venda de veículos movidos a combustão até 2035, e os Estados Unidos esperam que, nas próximas décadas, 50% da frota seja de veículos elétricos.
Porém, a mera substituição de carros a diesel ou a gasolina por carros sustentáveis não é suficiente para tornar o planeta mais sustentável. Para realmente combater os efeitos da poluição, toda a cadeia produtiva dos carros e a de abastecimento deve ser repensada.
Nesse ponto, os carros elétricos ainda não podem ser vistos como a salvação ambiental propagandeada. Se a matriz energética usada para abastecer os veículos não for limpa, a poluição continuará aumentando.
Vale lembrar que a Europa e os Estados Unidos dependem grandemente de matrizes energéticas não renováveis, como carvão mineral, petróleo, nuclear e gás natural para gerar energia elétrica.
Além disso, a produção de carros elétricos ainda não conseguiu reduzir significativamente a pegada de carbono emitida. Um dos grandes problemas é a bateria dos veículos. A maioria desses modelos utiliza baterias de íons de lítio, elemento que precisa ser retirado da natureza por meio da mineração, o que pode causar muitos danos ambientais.
Em tempo, a indústria automobilística não achou uma maneira de reciclar essas baterias. A falta de uma padronização na sua fabricação dificulta o processo de reciclagem e faz que, na prática, pouquíssimas partes da peça sejam reutilizadas.
Assim, a mera substituição do carro por um carro sustentável não dá conta de enfrentar os problemas de poluição do mundo. Especialistas em mobilidade urbana e experiências em cidades desenvolvidas demonstram que o investimento em transporte público de qualidade e na infraestrutura para a micromobilidade ativa (deslocamentos por bicicletas, patinetes e a pé) são a melhor maneira de combater a poluição das cidades.
Fonte: Meu carro novo, Mix Auto, Abegás, Brasil Escola, EPE, Automotive Business, icarros.